Indiferença
Somos seres,
quase invisíveis,
fomos pessoas,
tão imprescindíveis.
Fui desabrochando, na tua chegada,
desidrato há meses,
pelo tanto que comigo mexe,
a tua partida inesperada.
Aprecio ainda hoje,
como falas,
comes,
andas.
Como simplesmente sorris,
e ainda não acredito,
nesta facada no meu peito,
se te disser já não me dói, minto.
Preciso de ultrapassar,
mas, no fundo, não o quero fazer,
há sempre uma esperança em mim,
que não consigo deixar morrer.
É um outra vez arroz,
todos os dias,
uma indiferença atroz,
que não acontecia quando me vias.
Onde foi que me perdi,
que não me consigo ir buscar,
onde foi que me deixei,
que não sou capaz de me levantar.
Faltam-me as forças,
escrevo num pranto,
por tanto te querer esquecer,
por te amar tanto.
Sinto-me doente,
crio mil distrações na vida,
mas todas vão ter a ti,
invento razões em cada saída,
mas nada me leva ao que contigo já senti.
Todas as estradas que percorro,
trazem-me à memória o teu rosto,
juro que muitas vezes,
imploro por te perder o gosto.
Estou tão perdida,
não me consigo libertar,
de um amor doente,
que em nada me deixa avançar.