Miúda com 30

Ora juntei a fome à vontade de comer

e o resultado foi surpreendente...

Pouca convivência e muitas perguntas,

umas histórias bem duras.

E seguimos rumo ao sofá.

Marcas, saliva e zero nojos e vergonhas.

Fomos um e que bom que foi.

Destreinada e dorida,

Aqui vos conto bem fodida,

Que chegou ao fim este período

Mais longo da minha vida. 

Conto-te os meus medos, anseios e últimos acontecimentos,

ouves e nada dizes.

Não me vês mais ou perguntas sobre mim.

Não sei que outras camas, tens que te façam o tratamento que aqui recebes em casa, mas certamente serão bem melhores...

Sabes que me fazes mal, mas em 6 anos nunca foi impeditivo de saberes de mim.

Quero constantemente ouvir a tua voz, num áudio curto, chamada ou vídeo.

Parece que regrido dia a dia e, ao mesmo tempo, nada sinto.

És a minha confusão, desilusão e amor profundo.

És o meu fundo do poço e a agua que nele corre faz-me perder a fome.

És sol e lua, fogo e calmaria,

Não sei que dias mais faltam,

Para te conseguir aguentar longe de mim...

Sabes os meus pontos fracos, gozas-me, desafias-me, provocas-me.

Mal posso olhar para ti que todo um rio me vem das entranhas, foda-se, que caralho de gajo tinhas de ser!

Não sei se um dia vais ter a coragem de me dizer que sou merda para ti, mas era essencial ouvir isso para fechar este capitulo mental de um devaneio tão merdoso e triste.

Sim, todos os palavrões são aplicados ao papá que mais mexeu comigo até hoje, sem um único beijo!

Eu sei que és tanto, mesmo sem nunca ter provado...

Desaparece logo dos meus sonhos a ver se começo a estar confortável perto de ti, porra!

Não sou a Valentina de ninguém ou fui,
Até porque não é esse o meu nome.

Não sou rica para dar presentes à toa,
Reservar um lugar na mesa de um restaurante a abarrotar como se fosse um sábado à noite,
Ou para que me vejam com um saquinho de jóias na mão.

Fui trabalhadora do aço e bem sei o que se vendia por esta altura.
Os presentes bonitos de amor que se davam mutuamente,
Os que se compravam só porque ela pedia muito,
E os que eles levavam só para não serem chamados à atenção quando chegassem a casa.

A minha opinião é muito simples ,
Neste dia não, mas nos outros do ano sim!

Eu não me quero lembrar no calendário,
O dia do primeiro beijo, queca ou até do casamento.

Eu quero num dia normal em que estou cansada,

O jantar feito com uma rosa em frente ao prato,
A roupa lavada,
O chão aspirado,
Um post-it no espelho do wc num dia em que não estive bem humorada ao acordar,
Um real abraço apertado ou minete num dia que simplesmente é normal e mais um,
Ao lado da pessoa que tiver  assumido esse compromisso comigo.

Chega de dar flores com cornos até à lua.
De presentear com joias caras, alguém que quero abandonar há anos,
Mas que por filhos ou dividas mantenho a meu lado.

Chega de ser um dia só de comprar, por comprar.

Amemos nos outros dias todos,

Bem mais,

Por favor!

Estou,