Quero sossegar na minha almofada,
como sossego enroscada nos teus braços,
seja sobre mim ou em longos e emocionados abraços.
Não quero mais lágrimas, chega de tristeza,
quero voltar a sonhos,
lado a lado, com beleza.
Quero na brancura dela encontrar,
viagens de mil cores,
beijos de mil sabores,
para contigo em sonhos estar,
e noites sem fim ter para contar.
Quero a cabeça nela enterrar,
descansar dos dias corridos,
que me fizeram por ti, passar, e não te dar atenção,
dias que ficam perdidos,
na contagem das nossas memórias,
já imensas, mas inglórias.
Almofada que é confidente,
em que tantos dias e noites,
me senti descrente,
em que nela escondi a tristeza de não te ter aqui,
em que calei a vontade de gritar,
de escrever,
por não te ver ou ter.
Tens aquele mel no olhar, que na mente trago gravado,
aquele sonho na almofada sempre acordado,
és desejo permanente,
só queria ver-te agora,
na minha frente...
Seria feliz sendo a tua,
receber a tua nuca,
sentir o teu cheirinho,
estar perto da tua cara,
ver-te de forma tão calma e rara...
Agora, encostada à minha almofada,
o que existe são penas,
sonhos, desejos,
ilusões apenas...